Crianças passam tempo em casas de família em vez de irem para abrigos.
Mudança ajuda a passar o tempo de espera com mais amor.
O Jornal Nacional mostra exemplos que podem ajudar a melhorar a vida das crianças e jovens que vivem em abrigos no Brasil. Como, para muitos, a adoção é um sonho distante, existem outros caminhos que podem dar a esses brasileirinhos a chance de ter uma família.
Uma bebezinha, de apenas seis meses, estava em situação de risco. Teve que ser afastada temporariamente da família. Mas o local que ela está não parece em nada com um abrigo. É o chamado acolhimento familiar. A Márcia e o Alberto toparam receber a bebê em casa, por um tempo, até que a situação dela se resolva. Eles não querem adotar, mas ajudam no que for preciso.
“Se a gente fizer um trabalho com muito cuidado, com muito afeto, com muito carinho quando ela for embora, ela possa seguir o caminho dela fortalecida e com uma base mais sólida”, diz a decoradora.
Quem trabalha com acolhimento diz que a troca do abrigo por uma família transforma o futuro dos bebês.
“Tem uma pesquisa que pra cada ano que um bebê fica acolhido numa instituição ele perde quatro meses do seu desenvolvimento. E por isso a ideia dele ser prioritário quando pensamos em primeira infância”, explica a coordenadora do Instituto Fazendo História, Isabel Penteado.
Esse modelo é elogiado, vem crescendo no Brasil, mas ainda pouco usado. O país tem hoje mais de 34 mil crianças e adolescentes em abrigos e só pouco mais de 1,6 mil em acolhimento familiar.
Agora o Ministério da Justiça está fazendo uma consulta pública, ele quer mudar pontos da lei de adoções e um desses pontos é justamente o acolhimento familiar. Para esse caso, a proposta é que ele seja prioritário para crianças de até 6 anos.
A juíza Mônica Arnoni acha que o acolhimento familiar não deve ser limitado. “Embora não tenha uma proibição pra serem crianças maiores de 6 anos, tem uma preferência. Quando a gente pensa em acolhimento familiar, a gente também pensa em proporcionar aquela criança que não vai ter chances de viver no seio de uma família essa vivência”, comenta a juíza.
Também há a proposta de oficializar uma prática que já existe em vários estados: o apadrinhamento de crianças e adolescentes dos abrigos.
A Clarice é madrinha de um jovem de 17 anos. Acompanhamos o dia em que ela foi levar o afilhado pra fazer a prova do Enem.
Os padrinhos normalmente levam as crianças e jovens pra casa nos finais de semana, fazem passeios e conversam bastante.
“Meu papel como madrinha é de uma amiga mais velha, uma presença constante, não tem absolutamente nada a ver com adoção. Eu quero ser amiga dele pra sempre”, afirma.
Agora, voltando ao acolhimento familiar, talvez você tenha ficado com uma dúvida. Como é que faz pra devolver um bebê depois de passar meses ou talvez um ano com ele?
A Márcia responde: “A gente está fazendo tudo pra que esse período de tempo seja o melhor possível, o melhor cheio de amor, cheio de afeto, cheio de atenção, de proteção. Então, acho que esse sentimento de saudade ele acaba ficando em segundo plano, porque essa coisa do bem querer que a gente tem por ela e que a gente vai sentir que a gente conseguiu realizar é muito maior do que a saudade que ela vai deixar”.